Coração

Internações em decorrência de infarto aumentam em 150% no País

Estilo de vida, falta de acompanhamento médico e atraso de diagnóstico de doenças silenciosas contribuem para o aumento dos casos

Foto: Arquivo pessoal -

Por Joana Bendjouya

Os grandes registros de casos de infartos chamam a atenção nos últimos anos no País. Segundo um levantamento do Instituto Nacional de Cardiologia (INC), ouve um aumento maior que o dobro nos últimos 15 anos e a média mensal de internações subiu quase 160% no mesmo período. Sendo que entre jovens de até 30 anos o crescimento foi 10% acima da média.

Segundo o cardiologista intervencionista e chefe do serviço de hemodinâmica do Hospital Beneficência Portuguesa de Pelotas, Felipe Pereira Lima Marques, este aumento está diretamente ligado ao estilo de vida das pessoas, principalmente por se tratar de, na grande maioria dos atendimentos, em jovens. “O infarto acontecia historicamente muito mais em populações mais idosas, mas nos últimos anos têm acometido muito mais os jovens que os idosos. É preciso estar alerta aos fatores de risco e em caso de doenças pré-existentes”, alerta.

O que é?
O infarto do miocárdio, ou também chamado de ataque cardíaco, se trata da morte das células de uma região do músculo do coração por conta da formação de um coágulo que, ao se formar, acaba interrompendo o fluxo sanguíneo de forma súbita e intensa. Essa é uma condição que normalmente acontecia em pessoas mais idosas. Porém, vem sendo cada vez maior a presença de casos em pessoas mais jovens.

Um assunto bastante discutido, pelo aumento dos casos, é a utilização dos esteroides androgênicos e anabolizantes (EAA) por jovens em busca de um desempenho físico ou no aumento de massa muscular de forma mais imediata. Segundo o cardiologista, estes compostos são formulações derivadas da testosterona e, quando utilizadas em larga escala de forma indiscriminada, essas substâncias são influenciadores e uma das principais causas do surgimento de problemas cardíacos em jovens aparentemente saudáveis. “A busca por um corpo ideal, muitas vezes sem muito esforço, faz com que jovens façam o consumo de hormônios sem prescrição e acompanhamento. Esse uso hormonal está diretamente ligado aos casos de infarto em pessoas mais novas”, alerta Marques.

As causas
O infarto pode aumentar em pessoas que apresentem fatores de risco para doenças do coração, como tabagismo, obesidade e pressão alta. Segundo Marques, doenças como diabetes e hipertensão também são consideradas fatores de risco e, desta forma, precisam ser tratadas e acompanhadas de forma precoce nas pessoas que são diagnosticadas, por apresentarem maior predisposição. O médico alerta que, em jovens, um dos aspectos mais agravantes é que o infarto do miocárdico costuma ser fulminante, o que em muitos casos impede a possibilidades de salvamento ou tratamento complementar. Isso acontece porque as placas de gordura mais novas oferecem mais risco.

Segundo o cardiologista, o corpo emite diversos sinais antes de ocorrer de fato um infarto, justamente para alertar que há algo errado com o coração e assim seja possível buscar um tratamento. A fadiga, por exemplo. Ou seja, o cansaço elevado, mesmo não tendo feito esforço físico em demasia, é um dos sintomas que costuma surgir um pouco antes do infarto. Dor no estômago e no peito, além de náusea, tontura, falta de ar, suor frio, espasmos no pescoço e na mandíbula, são outros sintomas que costumam ser percebidos. Dores e sensação de aperto no peito, falta de ar, fadiga e náusea, também. Esses sintomas em conjunto, de acordo com Marques, são fortes indicações de que uma pessoa pode estar sofrendo de infarto. Mas o cardiologista alerta, ainda, que cerca de metade dos infartos são silenciosos, ou seja, não apresentam qualquer sinal.

“A presença de alguns fatores de risco considerados clássicos expõe as vítimas a um maior risco de desenvolver doenças cardíacas. As consequências de um ataque cardíaco sem sintomas podem ser tão sérias quanto as de um ataque facilmente reconhecido com sinais explícitos. Não se deve esperar ter todos os muitos sinais para começar uma investigação. Ao perceber que o seu corpo não anda bem, que não está se sentindo de forma normal, é preciso investigar”, explica.

Uma manifestação mais comum é a dor e dormência nos braços. Vale lembrar, ainda, que fatores como o sedentarismo, o tabagismo e obesidade são condições que potencializam o comprometimento dos músculos cardíacos.

Sintomas
Batimentos desregulados e acelerados, especialmente, se forem acompanhados de dificuldades para respirar, tonturas e fraqueza, forte pressão ou sensação de peso no peito também são comuns. Ao contrário do que muitos acreditam, o cardiologista explica que a dor no peito não se limita somente ao lado esquerdo, podendo ser sentida de ambos os lados.

“Além de dor lateral, no tórax, ela pode se estender a qualquer outra região peitoral e em algumas vezes causando rigidez, ela costuma iniciar no peito e irradia para os braços, ombros e cotovelos. Em alguns casos, a dor no peito pode nem ser relatada, ocorrendo somente nos braços e, às vezes, nas costas, junto com dormências e formigamentos”, alerta Marques. Essa dor relatada por muitas pessoas pode ser sentida também no pescoço ou na mandíbula, podendo ser de forma gradual ou súbita.

O médico explica que os sintomas podem ocorrer todos juntos ou apenas alguns e que normalmente são percebidos sem causa ou razão aparente. Em alguns casos, antes do infarto, as pessoas podem passar meses com quadros de ansiedade, agitação e insônia. Por meio desses sintomas, o organismo já está sinalizando que há algo de errado. “Estar com a saúde mental em dia também é fundamental, longe de depressão e ansiedade, com boas noites de sono. Quando isso não ocorre, é sinal que precisamos dar atenção e perceber o porquê isso, que não era comum, está acontecendo. Existe aí a necessidade de ajustes e, quanto antes for feito, maiores e mais eficazes os benefícios. Sempre combinado a todos os outros cuidados de alimentação e atividade física”, orienta.

O mais importante nos casos de infarto é o tempo dedicado ao atendimento, desde o início dos sintomas até a desobstrução da artéria. Quanto maior esse intervalo, maiores são as chances de sequelas e até mesmo a morte.

Sintomas mais evidentes
Fadiga
Dor no estômago
Dor no peito
Náusea, tontura e falta de ar
Suor frio repentino
Espasmo no pescoço e na mandíbula
Dor torácica
Dores nos braços
Tosse
Inquietação
Batimentos cardíacos rápidos e irregulares
Inchaço corporal

Diagnóstico
De acordo com o cardiologista, o diagnóstico é realizado por meio dos sintomas relatados pelo paciente e pela observação clínica feita pelo médico durante o atendimento. Além disso, devem ser realizados testes e exames específicos, como eletrocardiograma, que se trata de um exame não invasivo e através do qual o cardiologista consegue interpretar uma série de dados e obter informações importantes sobre o funcionamento do coração. O exame de sangue também é importante para detectar enzimas que são liberadas, em caso de ataques cardíacos.

Exames em dia
Os sinais de infarto existem justamente para alertar cada pessoa de que algo não vai bem com a sua saúde e sobretudo com o coração. O cardiologista ressalta a importância da prevenção e a necessidade de fazer exames preventivos regularmente. Estas medidas, segundo Marques, são fundamentais para detectar precocemente os infartos, principalmente no caso dos silenciosos. “Os infartos são mais frequentes em homens aos 55 e nas mulheres aos 65 anos. É preciso dar atenção às doenças que acometem o coração, elas começam a surgir por volta dos 30 anos. Mas pessoas que apresentam histórico familiar ou fatores de risco devem procurar o médico sempre mais cedo”, recomenda.

Dicas de prevenção
Praticar atividade física
Dê mais atenção às suas necessidades pessoais
Evite situações de estresse
Ter uma alimentação equilibrada e realizar as refeições com calma
Mantenha os exames em dia e com resultados sob controle
Evitar bebidas alcoólicas, cigarro e uso de drogas
Em caso de doenças de risco, pré-existentes, manter os tratamentos em dia e as taxas equilibradas

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